Tensões entre EUA e Turquia ocorrem com alguma frequência desde a aliança entre os dois países em 1950. Duas vezes por conta de crises no Chipre (1964 e 1974) e no Iraque em 2003. O mais recente afastamento entre Washington e Ancara envolvendo a comercialização de caças F-35, no entanto, é sem precedentes. Mas não é novo nem repentino.
As duas potências têm discordado em questões regionais importantes como a guerra na Síria, as intervenções na Líbia, as sanções impostas ao Irã, as sanções contra a Rússia no caso da invasão da Ucrânia e a forma adotada pelos EUA no enfrentamento do Estado Islâmico.
No mais recente caso, o Pentágono pode iniciar ações para transferir a participação industrial da Turquia na fabricação dos caças F-35 para outros países, a menos que Ancara anule seus planos de compra do sistema defesa aérea S-400 fabricado pela Rússia.
A legislação vigente, aprovada pelo Congresso dos EUA em 2018, bloqueia a entrega dos caças F-35 caso a Turquia receba o sistema antiaéreo S-400 atualmente sendo negociado com a Rússia. Para as autoridades americanas o S-400 não é compatível com o sistema da OTAN e comprometeria a segurança dos F-35.
Grandes empresas como Turkish Aerospace Ind., Roketsan e Tusas Engine Ind. serão afetadas, segundo o secretário de Defesa dos EUA, Patrick Shanahan, no último dia 6/6.
Seguir com a pressão sobre Ancara pode, no entanto, resultar no rompimento das relações entre os dois países. Erdogan é ideológico, não transacional. Ele cortou acordos para conseguir o que quer, mas o que ele quer não é necessariamente o equivalente ao "America First" de Trump.
Erdogan quer uma Turquia transformada e o antiamericanismo é fundamental para a sua visão de mundo. Se opor ao modelo norte-americano seria uma causa comum em torno da qual Erdogan pode reunir os eleitores nas eleições que se aproximam.
Na Turquia, sete a cada dez turcos se sentem ameaçados pelo poder dos EUA, segundo uma pesquisa da Pew realizada em 2017.
É essa crescente animosidade, não os S-400 que representa a maior ameaça a longo prazo para a relação EUA-Turquia.
São Paulo, 14 de junho de 2019
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As duas potências têm discordado em questões regionais importantes como a guerra na Síria, as intervenções na Líbia, as sanções impostas ao Irã, as sanções contra a Rússia no caso da invasão da Ucrânia e a forma adotada pelos EUA no enfrentamento do Estado Islâmico.
No mais recente caso, o Pentágono pode iniciar ações para transferir a participação industrial da Turquia na fabricação dos caças F-35 para outros países, a menos que Ancara anule seus planos de compra do sistema defesa aérea S-400 fabricado pela Rússia.
A legislação vigente, aprovada pelo Congresso dos EUA em 2018, bloqueia a entrega dos caças F-35 caso a Turquia receba o sistema antiaéreo S-400 atualmente sendo negociado com a Rússia. Para as autoridades americanas o S-400 não é compatível com o sistema da OTAN e comprometeria a segurança dos F-35.
Grandes empresas como Turkish Aerospace Ind., Roketsan e Tusas Engine Ind. serão afetadas, segundo o secretário de Defesa dos EUA, Patrick Shanahan, no último dia 6/6.
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S-400. Crédito: Mint Press News. |
Seguir com a pressão sobre Ancara pode, no entanto, resultar no rompimento das relações entre os dois países. Erdogan é ideológico, não transacional. Ele cortou acordos para conseguir o que quer, mas o que ele quer não é necessariamente o equivalente ao "America First" de Trump.
Erdogan quer uma Turquia transformada e o antiamericanismo é fundamental para a sua visão de mundo. Se opor ao modelo norte-americano seria uma causa comum em torno da qual Erdogan pode reunir os eleitores nas eleições que se aproximam.
Na Turquia, sete a cada dez turcos se sentem ameaçados pelo poder dos EUA, segundo uma pesquisa da Pew realizada em 2017.
É essa crescente animosidade, não os S-400 que representa a maior ameaça a longo prazo para a relação EUA-Turquia.
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